As Termas do Imperador
Uma história que reúne conflitos familiares e um ícone da engenharia romana
Recentemente publiquei um artigo no blog sobre os incríveis aquedutos, obras surpreendentes que demonstram a complexidade da engenharia durante o Império Romano, que você pode ler clicando aqui.
E quando falamos sobre Império Romano, além dos extraordinários monumentos, logo lembramos também das famosas dinastias. Uma delas foi a Dinastia Severa, que começou lá em 193 d.C. com o imperador Septímio Severo.
Septímio Severo ficou no poder durante 18 anos. Seu desejo era deixar o Império harmoniosamente para seus dois filhos, Caracala e Geta, para que eles reinassem em conjunto, como havia sido com Marco Aurélio e Lúcio Vero, irmãos que governaram juntos e com sucesso em 161 d.C.
Só que no caso de Caracala e Geta, a relação entre os dois irmãos não era boa. Na verdade, a relação era bastante difícil, com muito conflito e competição.
Quando o imperador Severo morreu, sua esposa, Júlia Domna, continuou tentando unir os filhos, mas Caracala com seu temperamento agressivo e cruel não aceitava. Ele era bastante cruel e alguns historiadores o consideram como um dos piores e mais cruéis imperadores de Roma.
Em um ato extremamente impiedoso, Caracala mandou matar Geta, que faleceu em frente de sua mãe.
A instabilidade mental, sua péssima gestão financeira, sua personalidade grosseira e a forma brutal que agia com seus adversários fez com que ele fosse cada vez mais detestado pelos romanos.
Ele até chegou a fazer uma legislação que foi vista por alguns de forma positiva. Era o Édito de Caracala, em 212, que concedia a cidadania romana para todos os homens livres que habitassem o território do Império.
Para Caracala, a quantidade de cidadãos romanos aumentando era algo bom, pois aumentaria o recolhimento dos impostos e ajudaria a ajustar o financeiro, já que sua gestão foi desastrosa nesse quesito, além de aumentar o número de homens aptos para servir em fins militares. Para manter o povo romano satisfeito, realizou grandes obras públicas.
Um dos maiores feitos do Imperador Caracala foi continuar a construção das Termas Antoninas, que haviam sido iniciadas por seu pai Septímio Severo, e acabaram ficando conhecidas como Terme di Caracalla, local abastecido pelas águas do aqueduto Água Nova Antoniniana.
As Termas de Caracala eram um espaço público grandioso com uma estrutura incrível que contava com áreas de lazer, saunas, piscinas aquecidas, vestiários, sala de massagem e diversos outros serviços, semelhante a um spa, que chegava a receber mais de 3000 pessoas por dia.
O espaço era muito completo e ia além dos banhos públicos, dos tratamentos termais e os cuidados de higiene pessoal, ali era possível encontrar biblioteca, jardins e academia.
O complexo era gigantesco, cobrindo uma área de aproximadamente 25 hectares. Todas as salas eram revestidas com mosaicos, ouro e mármore e além do mármore e do ouro, também era decorada com belas obras de artes, muitas ainda visíveis!
As reconstruções gráficas nos fazem ter uma ideia de como o interior do local era fabuloso!
O edifício principal era tão grande que chegava a ter mais de 2 hectares e meio. Das bibliotecas existiam duas, uma com textos em grego e outra com textos em latim. Uma delas continua parcialmente de pé e mede 38 × 22 metros.
No lado nordeste ficava a piscina para natação com 50 metros de comprimento por 22 de largura. Além dessa piscina enorme, haviam ainda outras piscinas menores.
Algumas dessas piscinas eram frias, outras mornas e outras com água quente, os visitantes revezavam entre elas para fazerem seus tratamentos de hidroterapia através dessa diferença de temperatura.
A água era mantida aquecida por meio de um hipocausto, um sistema subterrâneo de fornalhas movidas a carvão e lenha que ferviam as águas que chegavam do aqueduto.
Para que toda essa grandiosidade pudesse ser realizada, estima-se que entre 5 e 10 mil operários trabalharam incansavelmente, diariamente, durante cerca de 5 anos, para construir as termas.
É uma obra da arquitetura e engenharia romana realmente imponente. As Termas de Caracala ainda eram gratuitas, servindo assim toda a população romana.
Ficou sendo a mais famosa das Termas e era considerada uma das sete maravilhas de Roma, quando ainda estavam em funcionamento no século V, permanecendo em uso até meados de 530, quando foi abandonada.
É realmente um local surpreendente. E eu recomendo fortemente essa visita ao passado!
Você consegue comprar o ingresso tanto no site quanto na própria bilheteria do local. Bem próximo dali ainda dá para conferir a maior arena de entretenimento de Roma, o Circus Maximus, que fica no vale entre o Monte Aventino e o Palatino, há cerca de 1km de distância das termas. É possível ir caminhando e apreciando o caminho entre eles!
Nessa mesma área, ao lado do Circus Maximus você pode aproveitar para conhecer algumas ruínas e fazer uma viagem para a era dos Imperadores Romanos, visitando o Palatino, que era o local onde eles construíam seus palácios. Já escrevi sobre esse incrível lugar em outro artigo que você pode ler clicando aqui.
Se quiser conhecer mais sobre os aquedutos e ver de perto o quão grandioso foram essas estruturas, visite também o Parco degli Acquedotti para se encantar com essas maravilhas da engenharia que revolucionaram Roma. Será uma visita realmente fantástica! E se você tem curiosidade de saber mais sobre os aquedutos, leia meu artigo no blog sobre eles clicando aqui.
Espero que você tenha gostado desse breve resumo sobre as Termas de Caracala, fascinante obra do Império Romano que inspirou diversas construções desde então.
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Arrivederci!
Excelente trabalho de pesquisa. Estive no Fórum Romano mas não conheço as Termas.
Magnífíca apresentação. Visitei as ruínas do Forum Romano e o Coliseu, mas faltou tempo para ver as Termas e, até mesmo, a Via Apia.